JONAS E A CARROÇA VAZIA
JONAS E A CARROÇA VAZIA
Artigo do Grão-Mestre Barbosa Nunes
Publicado no jornal Diário da Manhã
Edição de 27 de abril de 2013
Publicado no jornal Diário da Manhã
Edição de 27 de abril de 2013
"Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou: Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi: Estou ouvindo um barulho de carroça. Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia.
Perguntei a meu pai: Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos? Ora, ele respondeu, é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior barulho ela faz.
Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando para intimidar, tratando o próximo com grosseria, de forma inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e querendo demonstrar que é a dona da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: quanto mais vazia a carroça mais barulho ela faz..."
Em 4 de fevereiro de 2012, escrevi aqui “O silêncio fala mais que as palavras”, dimensão importante na comunicação, indispensável no saber ouvir e quem não se cala enquanto o outro fala, não está em condições de dialogar. O silêncio não é só a falta de sons e ruídos, é a essência da linguagem humana.
Martha Medeiros afirmou: “Mesmo no amor quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz”. Pode ser um grito, uma pergunta, um carinho, a indiferença, a eternidade, o alívio, a concentração. É uma viagem rumo ao seu próprio interior, fazendo-o ficar mais sábio. É argumento, contrariamente aos que falam muito e em alto tom de voz. “Mesmo com o silêncio dialogamos”, disse Carlos Drummond de Andrade.
Há afirmativas que podem ser perfeitamente contextualizadas no momento em que vivemos. Vários setores da política, administrações, pregações religiosas e diversas mensagens de convencimentos que estão a circular com intensidade e repetição.
Vejamos algumas: “Quem fala muito mostra fraqueza e erra mais”. “Quem muito fala, pouco faz de bom”. “Os homens de poucas palavras são os melhores”. “Quem fala muito sempre está ocultando alguma coisa”. Cuidado com aqueles que falam e pregam a sua honestidade pessoal. São muito perigosos.
Qual é o nexo, o vínculo de “Jonas e a Carroça Vazia”, que dá título a este artigo?
Jonas é nome bíblico, indicando pessoa paciente, tranquila, resignada, otimista e autoconfiante, não desistindo de lutar quando as dificuldades parecem ser incontornáveis, possuindo nobreza de caráter.
“Carroça vazia” é uma estratégia muito sábia, pedagógica e cristã que Jonas Alves de Rezende Neto sempre usa em sessões e reuniões, como alerta aos que o ouvem, advertindo-os para se manterem mais vigilantes quanto ao uso da palavra, na mesma linha de Willian Shakespeare, que diz: “Seja como for o que penses, creio que é melhor dizê-lo com boas palavras”.
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